Espinho
Silvestre Kuhlmann
Por que me fizeste espinho?
E não madeira do pinho
Do corpo de um violão?
Porque não a uva do vinho?
Por que não o linho
Que veste o amigo, o irmão?
Que ser eu sou! Tão mesquinho
Todo eu, um desalinho
Evitam-me, que solidão!
Olha, lá vem um soldado
Todo ele armado
Faz de mim uma construção
Estava em meio às urzes
Ali vejo três cruzes
Levam-me em uma só direção
E me põe na cabeça de Cristo
Será que nasci pra isto?
Coroá-lo em humilhação?
Não foi de ouro seu diadema
Que o mundo adore e tema
Ao rei em sua paixão
A grandeza se fez pequena
Ele pagou minha pena
E da morte fez ressurreição!