Claro Credo

Luiz Antonio Ferreira Braga Brandileone Filho, Francisco César Gonçalves

Claro que eu entendo
Que devemos ser mais tolerantes que os intolerantes
mas no mais não podemos ignorar
os ignorantes
Ou deixar de protestar contra os protestantes que incendeiam terreiros-templos
Matam mães ou pais de santos
E condenam os tambores e também os nossos cantos
Eles gemem e elegem narcotraficantes
Claro que eu escuto
A gente surda ao nosso pranto

Claro que eu escuto
Claro que eu escudo
Claro que eu escuro
Credo!

Claro que eu escuto
Claro que eu escudo
Claro que eu escuro
Credo!

Claro que estou puto com esse ar de luto
De juízes e procuradores debutantes
Astutos que se fazem sem juízo
Com os ternos cortados iguais, os replicantes
Antes fossem putas ou bacantes
Mas apenas fungam e rosnam e vituperam
Positivo-operantes

Claro que eu luto e me junto às lutas mil
De quem nem pensou ser militante
O tempo é tão vil, quem não via viu
E quem não quer ver, puta que o pariu

O olho de vidro caiu
E o caolho é bobo da corte
E gado de corte e pensa ser rei
É rês, é rês, é rês,
Se liga vida de gado
o engodo é uma moeda de três centavos
Com a cara da serpente do fascismo do outro lado
E eu escuto a metralha da metranca
E dos coturnos o som do sapateado
Quem escuta meu xaxado?

Claro que eu escuto
Claro que eu escudo
Claro que eu escuro
Credo!

Claro que eu escuto
Claro que eu escudo
Claro que eu escuro
Credo!

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