Elegia 1: Elegia da Esperança

Tom Drummond

Morre esperança
Cessa o meu sofrer
Arde em mim a ânsia
Pulsa em meu viver
Descrença ao render
Por ti tão gasta devoção
Faz de mim, desilusão

Se arrastam em mim os
Sonhos passados
Perdidos, calados
Que a vida enterrou
Aos meus pés
Cada um repousa inquieto
Tentando em vão manter desperto
O ato de fé que cega o desespero

Enxerga esperança, réstia que há em mim
Pois ter-te em constância
É abandonar o mundo ao redor
Me resumir alucinação
Cura a loucura e a aflição

O que há de humano em mim
Recusa o pouco que eu consigo ser
Crê que é divino e ao ter um mundo seu
O próprio instinto reger
Acha em todo bem carnal
A solução pra vida se manter
Cria pra si uma existência imortal

Mas o tempo esvai
Meu medo trai
Só tu distrai
Meu descontínuo entristecer
Concedido sempre por você

Sem saber por que eu não me abrigo só
Meu redor abriga o meu querer
Consta em minha ambição
Condenar o mundo ao meu prazer

Arrogância te ter
Insistir numa vida ao revés
Me iludir
Me prever
Crer no universo se curvando aos meus pés
Só me faz recobrar
Tanto fardo que eu guardo
Com tanto pesar

Morre esperança
Cessa o meu sofrer
Se é vasta a tua ganância
Invade outro peito, afeito
A morrer por fios de fé que eu sigo
E aceito um vulgar comum qualquer
Destino a cumprir
Me resguardar
Das desilusões
A me retalhar por anseios
Que eu não posso saciar
Morre esperança pra que
Eu possa viver em teu lugar.

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