Apocalipsom A (O fim no palco no começo)

Tom Zé

Personae iures alieni
Diabo e Deus numa sala
Firmou-se acordo solene
De unir em casamento
A fé e o conhecimento

Casou-se com muita gala
O saber de Aristóteles
Com a cultura do mouro
Pra ter num só filhote
O duplicado tesouro

E toda casta divina
Estava lá reunida
Apolo e Macunaíma
Diana, Vênus, Urânia
Chiquinha Gonzaga Bethânia

O diabo ali presente
De todo banco, gerente
(Conforme o cabra da peste
Chamado Bertold Brecht)

Tinha comida e regalo
Tinha ladrão de cavalo
Pai de santo e afetado
Padre, puta e delegado

E as menina meu rapaz
Cresceu depressa demais (demais, demais)
Anda presa na soltura
Circula na quadratura
E o sossego ela não deixa em paz

Cada dia mais esperta
A moleca desconcerta
Conserta e já desconcerta
No senso que ela retalha
Não há quem bote cangalha (cangalha não, cangalha não)
E se você faz represália
Ela passa a mão na genitália
Esfrega na sua cara

Mas
Onde a cultura vige
E o conhecimento exige
Recita Noblesse Oblige
Com veludo na laringe
Castiça cantarolando
Quod erat demonstrandum
E recebida na sala
Se trata por tropicália

Curiosités sur la chanson Apocalipsom A (O fim no palco no começo) de Tom Zé

Quand la chanson “Apocalipsom A (O fim no palco no começo)” a-t-elle été lancée par Tom Zé?
La chanson Apocalipsom A (O fim no palco no começo) a été lancée en 2012, sur l’album “Tropicália Lixo Lógico”.

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