Carta
Eu preciso mandar notícias
Pro coração do meu amor me cozinhar
Pro coração do meu amor me refazer
Me sonhar
Me ninar
Me comer
Me cozinhar como um peru bem gordo
Me cozinhar que nem anum-tesoura
Um bezerro santo
Uma nota triste
Me cozinhar como um canário morto
Me cozinhar como um garrote arrepiado
Um pato den'd'água
Um saqué polaca
Eu escrevo minha carta num papel decente
Quem se sente
Quem se sente com saudade não economiza
Nem à guisa
Nem dor nem sofrimento que dirá papel
E o anel
O anel do pensamento vale um tesouro
É besouro
É besouro renitente cuja serventia
Já batia
Já batia na gaiola e no envelope
E no golpe
E no golpe da distância andei 200 léguas
Minha égua
Minha égua esquipava, o peito me doía
Quando ia
Quando ia na lembrança vinha na saudade
Eu preciso mandar notícias
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai