Máscaras de Azulejo

Vinicius Terra, 2F U-Flow, Gabriel Marinho

Sou a letra A – última: Flor-do-Lácio, primeira a ver seus passos;
Passeio, olhar no passo, teu seio alimento, embaraço;
A bruxa na Inquisição, transportada à escravidão;
A mucama a olhar pro chão, cruz, caravela, distorção.
História mal contada, a roupa mal passada;
Garganta amordaçada, carne estrangulada;
Retalhada, calada, abafada, abusada, judiada, malvada, desejada, mal amada, mas...
Eu sou aquela... Eu sou a fera... A trela, a outra, a cela;
Índia, serra... Ásia, ilha, África, bela... Península, planície, praia, favela. Ela:
Guarany,Tupy, Kaiwoá à espera de quem nunca virá, nunca dirá, nunca amará,
Areia, terra, água, mar, ar... Em falta, na boca de quem prova
Falta trova, rainha? Eis aqui tua prova...

A batalha é o meu canto. Enxugava o meu pranto
Embalava o meu sonho. Encantava o meu sono

Máscaras de azulejo escondem o desejo
Mamãe, não vejo no meio do cortejo rugas turvas, rua com defeito.
Curva nua sinuosa, mas ainda é velado o preconceito
E que o ventre seja o espelho contrário a todo medo
Verdade-véu seja a sonoridade da sororidade
Vontade, signo da palavra igualdade
Florbela Espanca, Cora Coralina, Carolina de Jesus, Noêmia de Sousa
Alda Lara, Cecília Meireles, Filomena Embaló, Vimala Devi, Manoela Margarido...
Sou sim: em si, em mim, em ti!
Sou todas as mulheres que li, ouvi, senti!
Sou cria das entranhas, filhas, irmãs
Rara rima, bandeira, poesia, novas manhãs!

A batalha é o meu canto. Enxugava o meu pranto
Embalava o meu sonho. Encantava o meu sono

Que o ventre seja o espelho contrário a todo medo / Embalava o meu sonho... Encantava o meu sono

A todo medo, a todo medo, a todo medo, contrário a todo medo
A todo medo, a todo medo, a todo medo, a todo medo, a todo medo...

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