Missões Coloniais
MISSÕES COLONIAIS
Sou um vasto chão vermelho, na costa de um grande rio,
sou a porteira que se abriu, quando o Uruguai dera vau;
eu sou a seiva do mate, do nativo legendário
que hospedou o missionário, no velho São Nicolau.
Eu sou o peão vaqueano, que abriu as primeiras trilhas
pra repontar as tropilhas, que povoaram este chão;
sou a flor rocha do ipê, que anuncia o fim do inverno;
sou esteio de puro cerne, sustentando a tradição.
Sou o índio e o imigrante, fundidos na mesma raça,
chamuscada de fumaça, forjada sobre o braseiro;
sou velho arado de boi, demarcando território;
eu sou o laboratório, do produtor brasileiro.
Eu sou a água da sanga, chiando numa chaleira;
sou a cuia galponeira, que passa de mão em mão;
sou o braço fraterno, retemperando a amizade;
eu sou a hospitalidade, da roda de chimarrão.
Sou o grito do sapucai, numa bailanta costeira,
sou o embalo da vaneira, num fandango do interior;
sou a tora de guajuvira, sou palanque, sou dormento,
sou peixe, sou alimento, na mesa do pescador.
Eu sou as flores do campo, a sombra amiga das matas,
sou os rios, sou as cascatas, brotando dos mananciais;
sou o berço da agricultura, que cada dia se expande,
sou o celeiro do Rio Grande, sou as missões coloniais.