João Mulato
Vinha um mulato fachudo mandando coplas pro ar
Ajeitandoum a boca atada
Numa marchita enfaixada ainda aprendendo a marchar
Trazia um semblante serio nos garfos aberto pra fora
Um pala branco franjado
Num rufo contraponteado tinido do bate cola
Caiu na vida o mulato deixando só por regalo
Uma saudade no rancho
E muitos cavalo manso do Vombó que é o Canta Galo
Uma mourita crioula lá do Rincão dos Severos
Parecia um quadro andando
De lombo duro bombeando pra tala do Quero-Quero
Pela estrada vida a fora só um centauro se via
Dois xucros da mesma estampa
Dividindo a historia da pampa que grita com galhardia
De bombacha castelhana e um coleiro de capincho
Aba quinze requintada
E duas mãos calejadas de tanto quebrar corincho
Esta era João Mulato, ginetaço e borrachão
Não conheci outro igual
Pra transformar um bagual num pingaço de patrão
Caiu na vida o mulato deixando só por regalo
Uma saudade no rancho
E muitos cavalo manso do Vombó que é o Canta Galo
Pois fez seu próprio destino como moldava a potrada
Pegava o rumo da venda
E as vezes roubando alguma prenda na garupa pelegada
Chamado apenas mulato o domador das estrada
Este mestre que lhes falo
De tanto fazer cavalo deixou a vida aporreada
Caiu na vida o mulato deixando só por regalo
Uma saudade no rancho
E muitos cavalo manso do Vombó que é o Canta Galo