A Arte do Final de Tarde

Bruno Pederneiras / Edu Lopes

O homem aguarda pelo seu hábeas corpus
Pela luz em meio à lama como a flor de lótus
Cada um cada momento processo em andamento
Haverá revogação pelo bom comportamento
Com discernimento do porque das vidas
Antes de serem bebidas as águas do esquecimento
Boa parte só vive pelo lucro e benefício
Faz uso de todos e qualquer artifício
Tudo é muito fácil não existe sacrifício
No mundo fictício impera o desperdício
Se proteger não é se esconder
Que caiam os muros da prisão do viver
Aprender pelo processo de desaprender
O homem desconhece o seu próprio poder
Denso é o véu que nos aparta do céu
Soldado encarnado da batalha de Miguel
Com caneta e papel com tinta e pincel
Me enquadro nesse quadro onde eu pinto o meu futuro
Na busca eu me apuro sem medo do escuro
Desfruto do ar puro e sua sabedoria
Beleza natural e sua maestria
Caminhando e contemplando o por do sol de cada dia

A arte do final de tarde

Existem outras formas de enxergar além dos grilhões
Há outros canais além das televisões
Tudo favorece a limitações tudo favorece a atrofia de emoções
Não suportamos mais viver em condições
De não saber interpretar os nossos corações
Há muita coisa que é vista e não se mostra
Há muita coisa que se mostra e não é vista
Pra saber sobre a vida artigos de revista
Compre compre compre ou desista
Geral cego e surdo e achando normal
Não me leve a mal mas se isso aí é normal
Eu sou adepto da camisa de força
Que todo mundo enxergue e todo mundo ouça
Que aí essa camisa vira moda
Pra você incomoda mas pra outro vai bem
Pobre de quem tenta moldar alguém
Pobre de quem se deixa moldar
Condicionado desconhece o que é optar
Pobre de quem é pobre por falta de dinheiro
Lanterna pra cego que trabalha de olheiro
Gasta o tempo inteiro e faz pouco amor
Desconhece o valor de ver o sol se por

A arte do final de tarde

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