O boleador
E o destro campeiro na fúria indomável,
Seguindo o cavalo que vai a fugir,
As bola meneia com braço de ferro,
Enquanto as não deixa certeiras partir.
E a certa distância que mede co'a vista,
O impulso tenteia visando o bagual,
E após, lá consigo, contando com a presa,
Desprende o seu tiro terrível, fatal!
E as bolas tremendas fungando no espaço,
Lá vão zig-zigs formando no ar;
Lá vão implacáveis cair como um raio
Na frente do bicho que intenta escapar.
E as pernas das bolas o bicho mal sente
Nas mãos lhe tocarem, priscando coiceia,
E quanto mais prisca, coiceia ariscado,
Mais ele se enreda, nas bolas se eleia.
E os fortes campeiros que adoram proezas
Soltaram mil vivas naquela amplidão;
Um tiro de bolas há muito não viam
Com mais bizarria, com mais perfeição.
Eu te admiro e saúdo,
Ó destro boleador!
Mais te dera, se o pudesse
O teu modesto cantor.