Elegia do Amor
Lembras-te meu amor, das tardes outonais
Em que íamos os dois sozinhos, passear
Para longe do povo alegre e dos casais
Onde só Deus pudesse ouvir-nos conversar?
Olhavas para mim, ás vezes distraída
Como quem vê o mar á tarde, dos rochedos
E eu ficava a sonhar, qual onda adormecida
Quando o vento também dorme nos arvoredos
Falavas do luar, dos bosques, mais do amor
Dos ceguinhos sem pão, dos pobres sem um manto
Em cada tua palavra havia etéria dor
Por isso a tua voz me impressionava tanto
E a lua para nós os braços estendeu
Uniu-nos num abraço esplêndido e profundo
E levou-nos os dois com ela atá aos céus
Somente tu ficaste e eu regressei ao mundo