Canção do beijinho

Carlos Paião

Ai rapariga, rapariga, rapariga
Que só dizes disparates, disparates, disparates
E tanta asneira, tanta asneira, tanta asneira
Que para tirar tanta asneira não chegam 100 alicates
Mas tu não sabes, tu não sabes, tu não sabes
Que isso de dar um beijinho já é um costume antigo
Mas quem te disse, quem te disse, quem te disse
Que lá por dares um beijinho tinhas de casar comigo.

- Ó chega cá.
- Não vou.
- Tu és tão linda.
- Pois sou.
- Dá-me um beijinho.
- Não dou!

Interesseira, convencida, ignorante, foragida, sua burra,
És a miúda mais palerma, camelóide que eu já vi
Mas porque raio é que tu queres os beijinhos só para ti.

(Refrão)
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um, que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.

Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um, que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.

Ai rapariga, rapariga, rapariga
Dás-me cabo do miolo para te levar com cantigas
Ai mas que coisa, mas que coisa, mas que coisa
Diz lá porque é que tu não és como as outras raparigas
Quando eu pergunto se elas me dão um beijinho
Dão - me tantos, tantos, tantos que parecem não ter fim
E tu agora estás com tanta esquisitice
Que qualquer dia já queres e não sabes mais de mim.

- Dás ou não dás?
- Não e não!
- Então dou eu.
- Isso não!
- Dá-me um beijinho.
- Não dou não!

Diz lá porquê, sua esganada, egoísta, mal-criada
Sua parva, só se pensas que eu acaso tenho a barba mal cortada
E vê lá se tens receio que a boca fique arranhada.

(Refrão)

- Então vá lá.
- Já disse!
- Eu faço força.
- Que parvoíce!
- Dá-me um beijinho.
- Que chatice!

Analfarruta, pestilenta, hipocondriaca, avarenta, bexigosa
Vou comprar um dicionário que só tenha nomes feios
Que é para eu tos chamar todos até tu teres os ouvidos cheios.

(Refrão)

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