Chalana/ o Mineiro e o Italiano (pot-pourri)
Lá vai uma chalana
Bem longe se vai
Navegando no remanso
Do rio Paraguai
Oh, Chalana, sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
Oh, Chalana, sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
E assim ela se foi
E nem de mim se despediu
Oh Chalana, vai sumindo
Lá na curva do rio
E se ela vai magoada
Eu bem sei que tem razão
Fui ingrato, eu feri
O seu pobre coração
O mineiro e o italiano viviam às barras dos tribunais
Numa demanda de terra que não deixava os dois em paz
Só em pensar na derrota, o pobre caboclo não dormia mais
O italiano roncava: Nem que eu gaste alguns capitais
Quero ver este mineiro voltar de a pé pra Minas Gerais
Voltar de a pé pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou pro advogado: Fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nóis semo pobre, que meus filhinhos vivem doente
Um parmo' de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar a ganhar, lhe dou uma leitoa de presente
Retrucou o advogado: O senhor não sabe o que está falando
Não caia nessa besteira, se não nós vamos entrar pro cano
Este juiz é uma fera, caboclo sério e de tutano
Paulista da velha guarda, família de 400 anos
Mandar leitoa para ele é dar a vitória pro italiano
Porém chegou o grande dia que o tribunal deu o veredito
Mineiro ganhou a demanda, o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor: Eu fiz conforme lhe havia dito
Respondeu o advogado: Que o juiz vendeu eu não acredito
Jogo meu diploma fora se nesse angu não tiver mosquito
De fato, falou o mineiro, nem mesmo eu tô acreditando
Ver meus filhinhos de a pé, meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda, foi Deus do céu me deu esse plano
De uma cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome, mandei no nome do italiano