Escola Pra Marginal

Eduardo Bocca

Começa a perseguição, vários tiros na cidade
O terror tomando conta da sociedade
Uma fatalidade, uma bala perdida
Com tiros pelo corpo se feriu uma menina
Sua mãe desesperada, sem saber o que fazer
Sua filha cheia de sangue, na sua frente a morrer
Enquanto isso, continua a perseguição
Colocando em perigo toda a população
E a perseguição vai deixando no seu rastro
Uma menina atropelada e um menino baleado
As pessoas apavoradas e aterrorizadas
Correndo e se ferindo, sem ter culpa de nada
E como sempre, com certeza, a bomba vai estourar
Numa favela da cidade onde os bandidos foram parar
Mas para o favelado isso se tornou normal
Porque nosso país é escola pra marginal

Escola pra marginal, escola pra marginal
Em todo canto da cidade a violência é geral

Escola pra marginal, escola pra marginal
Criminal, criminal

E essa situação está em todo lugar
É impossível se esconder, e nem tão pouco se esquivar
Pois quando abre-se o jornal, é exposto em primeira página
Um homem decapitado e uma mulher foi estuprada
Então eu ligo a TV, para tentar esquecer
E vejo tudo aquilo que não gostaria de ver
Guerras e catástrofes pelo mundo inteiro
Por um momento, então, eu me orgulhei de ser um brasileiro
Só que o meu patriotismo durou muito pouco tempo
No meu Rio de Janeiro, crianças estão morrendo
De frio, de fome, sem carinho, sem afeto e sem nada
Eu mostro às autoridades a realidade
Porque muito só se vê isso na televisão
Só que numa favela isso se torna real
Ouvir tiros, correr de tiros, e levar tiros talvez
Na favela é assim, não existem leis
A lei do silêncio, a lei do cão, a lei da bala
Pey, pey, pey, pey!!

Escola pra marginal, escola pra marginal
Em todo canto da cidade a violência é geral

Escola pra marginal, escola pra marginal
Criminal, criminal

E a polícia entra atrás dos marginais
Chamam os reforços e aparecem mais e mais policiais
Se for pensar no que era uma favela
Em poucos minutos se transforma num campo de guerra
Balas para todos os lados, famílias aterrorizadas
Não estão seguros dentro de suas próprias casas
Pois quando ela entra, a porrada vai baixar
Invade sua casa e ameaça te matar
Por isso hoje quando vemos um policial
Ao invés de ter respeito, ter medo é normal
Então me diga o que é mais fácil
Entre um playboy e um favelado
O favelado é marginalizado, e o playboy acaba virando
Um advogado do próprio diabo
Do próprio diabo

Escola pra marginal, escola pra marginal
Em todo canto da cidade a violência é geral

Escola pra marginal, escola pra marginal
Criminal, criminal

E no final da perseguição, veja o que aconteceu
Depois de tanto trabalho, o policial prendeu um suspeito
Só pegaram o cara porque ele era negro (só porque ele era negro)
Porque ele era negro (só porque ele era negro)
Porque ele era negro (só porque ele era negro)
Porque ele era negro (só porque ele era negro)
Negro!!

Escola pra marginal, escola pra marginal!!

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