Anjo Sem Asa
Um moleque sem nome esta parado em frente ao seu portão
Batendo palmas, pra chamar sua atenção
Com carrinho de papelão lotado de traumas
Ele esta preste a se tornar um homem sem alma
E ai, vai atender ou vai fingir que não esta em casa?
Tem um anjo em seu portão batendo palmas
Um anjo sem asa pedindo algo pra comer
Ele anda sozinho catando lata até o escurecer
O dia inteiro com fome, sujo, triste e cansado
Chegou em casa do ferro velho com apenas um cruzado
E um saquinho de um quilo de fubá nas mãos
Com nove anos ele ajuda a sustentar seu irmãos
Criado perto das drogas e muita violência
Sua infância é questionável lixo é sua essência
Tem dois caminhos pra escolher, mais ninguém quer indicar
Um caminho pra seguir que só o tempo mostrará
O rumo, o destino desse anjo moleque
Daria um livro como história mais rimando eu fiz um rap
Dramático, violento, cheio de miséria e de tristeza
Sem nada pra comer e o que havia sobre a mesa
Merda de rato, marca de lesma e uma vela acesa
Um rádio velho, com fome no inverno frio virou inferno
Queimando estômago vazio,quem não viveu essa vida
Não acredita porque não sentiu
Ninguém da nada mais nele só ele acredita
Que mesmo andando sujo sem nome
Deve manter sua alma limpa
De que adianta nome limpo e uma alma podre
Se quem tem nome nobre não tem pena de menino pobre
Gente esnobe ignora quem pede uma ajuda
Não ajuda, não estende as mãos, mais com as mãos afunda
Chamam ele de Febem tratam ele como escorias
São palavras que a criança vai levar na memória
Hoo! Psiu, você ouviu? Tem alguém batendo palmas
Quem sabe seja a chance de limpar sua alma
É o moleque de rua parado em frente ao seu portão
Pra viver ele tem alma, coração e um carrinho de papelão.
Ei criança! Me diz aonde você mora filho
Ahhh meu anjo sem asa! Sai das ruas vai pra casa
Eu tbm fui criança, um anjo sem nome sem asa
Nasci assim cresci assim, eu fui assim e ainda sou
Um homem sem nome só alma
Anjo nasce, cresce e perde as asas
Bom quando eu tinha 5 anos, eu vi meu irmão cata papelão
Voltar podre no fim de feira, agente comia só fruta mano,
A semana inteira! Arroz, fubá agente só comia
Quando ele pedia nas casas.
Com feridas no pé, apanhando de um bêbado qualquer
Você viu, você riu e então é assim que você é!
Um alguém que não tem sentimento
E nem tem coração
Que se engana, com fama com grana
E esquece a razão
Você despreza esse moleque
E amanhã ele faz um rap como eu fiz
Como eu quis pra tentar ser feliz
Cantei pra não matar, escrevi pra não chorar
Catei papelão pra viver, pedi comida pra não roubar
Essa é a vida de quem vive atrás de um sonho
Não é fácil ser um anjo crescendo entre demônios
E a maioria é ser humano, cavando a sepultura
Que não tem nada de humano
É desumano, não é humano é criatura
Tem que ser ligeiro menino
Mesmo sendo desprezado
Mais que não seja um viciado
Ou um assassino você vai vencer esses momentos
Você vai sobreviver e ainda vai dar bom exemplo
No meu tempo já existia, mas as chances eram poucas
De ver um moleque com arma na mão e um baseado na boca
Devendo pras bocas infelizmente hoje é assim
Crianças maltratadas vira adolescente tão ruim
Por isso então não esquece não
Tem um anjo em seu portão batendo palmas
Continua batendo palmas
Vai la atender da uma atenção pra esse moleque
Eu fui um desses aos 9 anos e hoje em dia
A maioria começa aos 7.
Ei criança! Me diz aonde você mora filho
Ahhh meu anjo sem asa! Sai das ruas vai pra casa
Eu tbm fui criança, um anjo sem nome sem asa
Nasci assim cresci assim, eu fui assim e ainda sou
Um homem sem nome só alma
Anjo nasce, cresce e perde as asas
Parei por aqui só vou resumir que o desprezo não é o caminho
Crianças nascem, perdem as asas, andam descalços
Pisam nos espinhos, e você ignora um moleque de rua
Te pedindo pão, então você chora na mão
Do pivete que embaça na sua
Te enquadra do nada com ferro na mão
Escute de atenção ou vaza
Anjos crescem e perdem as asas
Na revolta invadem as casas
Naquele mesmo portão onde um dia batia palmas
Se a vida é um carma, talvez um dia ele volta
Com uma bíblia ou com uma arma
Sou criança! Me diz aonde você mora filho
Sou anjo sem nome sem asa! Sai das ruas vai pra casa
Sou criança! Me diz aonde você mora filho
Sou anjo sem nome sem asa! Sai das ruas vai pra casa
Nasci assim cresci assim, eu fui assim e ainda sou
Um homem sem nome só alma
Tem um anjo em seu portão batendo palmas
E ai? Vai atender ou vai fingir que não esta em casa?
Um anjo sem asa pedindo algo pra comer
Ei criança!
Meu anjo sem asa!
Ei criança! Me diz aonde você mora filho
Ahhh meu anjo sem asa!! Sai das ruas vai pra casa
Nasci assim cresci assim, eu fui assim e ainda sou
Um homem sem nome só alma
Anjo nasce, cresce e perde as asas
É a minha infância foi assim, e a infância de muitos
Hoje em dia também tá na mesma, crianças na rua
Sem educação sem alimentos, sem atenção dos pais
Dentro de casa, apoiando catar papelão, tentam sobreviver
E quem adota é a própria rua, o crime, o trafico, as drogas
Vamo tentar mudar a historia ai, dos anjos sem asas
Eu também fui um