Fome
Foram oitenta tiros, oitenta tiros de fuzil
O nome disso não é engano, é extermínio!
Faltam-me palavras em versos pra explicar
Nem o dicionário conseguiu me definir
Cenas de horror Brasil tá pique Bagdá
Depois me perguntam porque eu não consigo sorrir
Diga-me, diga-me, diga-me parça
O quê que eu posso fazer?
Já pedi ao papai do céu pra que me dê discernimento
Ouça o que eu vou te dizer
Quando o argumento é bala não existe argumento
Passa o tempo e é o memo ferro que fere
Eles vão dizer que não enquadram pela cor da pele
Nós vivemos Marielle, nós morremos Marielle
Me assumo marginal se é o CEP que difere
Desigualdade interfere, é imperfeito o meu pretérito
Corremo pra caral* e vão dizer que falta mérito
Sério pô a sua verdade é postiça
Eu tenho nojo de mentira e a minha fome é por justiça!