De Porteira Escancarada (Abigeatário da Vila)
A situação era brasina
E virou osca de fato
Carneava na coxilha
Quando pegaram o mulato
Parecia mui tranquila
Aquela noite sublime
Corriqueiro pro sorrito
E desenhada para o crime
Era gorda a novilha
Incentivo para o ato
Mas a marca era alheia
Sinalando o abigeato
Atolhado em sua faina
Nem chegou olhar pra o lado
Se bandiou a campo fora
O seu cúmplice gateado
Foi um grito sem receio
Veio detrás da macega
Tá preso o ladrão de vaca
Em nome dessa refrega
Foram três anos de busca
Com tocaias mal-logradas
Só achavam o rasto fresco
Das carcaças desossadas
No más terminava em nada
Em desgaste da paciência
E papéis do comissário
Preenchendo as ocorrências
Fez questão o delegado
Num retrato no jornal
Bem ao lado do meliante
Com nota pra o pessoal
Dizendo de hoje em diante
Em letras bem destacadas
Podem dormir sossegados
De porteira escancarada
Foi um grito sem receio
Veio detrás da macega
Tá preso o ladrão de vaca
Em nome dessa refrega