Maria

Ricardo Macedo

O trem acaba de parar na estação
Olha pela janela tamanha decepção
Na sua terra o céu não era cinza desse jeito não
Enxuga a lágrima da despedida
Embarca novamente dessa vez para uma nova vida
Pega sua bagagem que estava no chão
Tudo que tem, leva nas mãos
Seu nome é Maria como muitas desse mundo
Mas algo é diferente, Seu coração bem lá no fundo
Uma vontade enorme de vencer
Voltar pra sua terra pra poder então viver
Pois o que passou lá não considerava vida
Trabalhou de Sol a Sol em busca apenas de comida
Foi quando tomou essa decisão
Ir pra cidade grande abandonar seu lar cristão
Vencer na vida era sua ambição

Maria... Um coração amargurado e cheio de esperança
Maria... Um corpo de mulher, um rosto de criança

Em sua primeira tarefa sentiu muita dificuldade
Correria, gritaria, ausência de amizade
Estava procurando um lugar para morar
E um quarto imundo foi o que pode pagar
Pois o dinheiro era pouco
Tinha que economizar
Sua fome era encoberta pela ansiedade
Em seu pequeno quarto no centro da cidade

Maria... Pra dormir a noite não foi fácil não
Maria... Pois bem dentro do peito estava a solidão

No outro dia bem cedo já estava na rua
E o tão sonhado emprego conseguiu encontrar
Não era o mesmo dos seus sonhos mas já era bom
Garçonete no bar
Sem ela perceber o tempo foi passando
E a chama de Jesus começou a esfriar
Não foi mais a Igreja
Não tinha tempo de orar
De repente o dinheiro começou a faltar
Seu salário já não dava pra se sustentar
O desespero e a saudade começaram a apertar
Mas o orgulho falou mais alto
Não queria voltar

Maria... Conheceu um novo mundo de maldade e podridão
Maria... Começou, a vender o corpo
Maria... Apelou para a prostituição

Nas ruas sujas do centro era fácil encontrar
Toda pintada e muito louca
Andando a rebolar
Em busca de uma vítima para um programa
Pensava agora apenas em grana
Esqueceu seus pensamentos e suas virtudes
Esqueceu também da sua saúde
Trabalhava de noite, dormia de dia
Parecia outra pessoa
Já não comia

Maria... Um nome bem conhecido no centro da cidade
Maria... Um rosto sem esperança, vida sem oportunidade

Começou a pensar em se matar
Sua vida não valia nada
Queria acabar com seu sofrimento
Acordar todo dia era um tormento
Mas de repente uma notícia veio devolver
A sua coragem, a sua vontade, de viver
Alguma coisa dentro dela havia mudado
Ia ser mãe, tinha engravidado
No momento em que soube da novidade
De muitas coisas começou a se lembrar
Da sua mocidade, do seu velho lar
O portão da velha casa ela avistou
E como há muito tempo não fazia
Ajoelhou e orou e disse assim:

Me perdoe Oh Deus!
Pois não sabia o que fazer
Só queria ser alguém
Mas agora peço Senhor
Cubra-me com o teu sangue
Encha de amor
O meu coração

Foi ai que Maria decidiu voltar
Ela pediu apenas seu perdão
Mas Ele sempre nos dá muito mais
E antes de sua partida conheceu um rapaz
Numa Igreja que foi visitar
Deus, começava a operar
Um ano depois sua mãe nem pode acreditar
Em quem na velha casa acabara de chegar
Era sua filha, mas não estava sozinha
Estava com o marido e sua linda filhinha

Maria... Estava feliz com seus pais ao lado
Maria... O nome de Jesus era glorificado

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