Lágrima Na Garganta

Luiz Marenco / RODRIGO BAUER

No meu exílio de campo, perdido pelas lonjuras,
Escuto a voz do silêncio, quando, no vento ele canta...
Eu canto junto com ele pra destilar a amargura
Da lágrima que carrego guardada em minha garganta!

Ela se mostra em meu canto porque, saudosa, recorda
Um tempo que foi ficando junto às carretas e aos bois...
Lembra das tropas de antanho que pelo peso da engorda
Iam tão lerdas na estrada sem nem saber do depois!

(Lágrima que é sentimento, rio que transborda do leito,
Chama que nunca adormece e pelo pago se encanta...
Muitos a trazem nos olhos, outros a levam no peito,
Eu tenho a lágrima viva pulsando em minha garganta!)

Lágrima de alma gaúcha, retemperada aos rigores,
Chuvas e sóis que, com o tempo, vão se timbrando na gente...
Vai essa vida andarilha perdida nos corredores,
E a lágrima na garganta, que nunca seca a vertente!

Meu canto é feito de lua, de cantilena de espora,
Da luz da estrela boieira, que pelo céu se levanta...
Porque essa lágrima velha que nunca mais se evapora
Feita de sal e poesia, já me nasceu na garganta!

(Lágrima que é sentimento, rio que transborda do leito,
Chama que nunca adormece e pelo pago se encanta...
Muitos a trazem nos olhos, outros a levam no peito,
Eu tenho a lágrima viva pulsando em minha garganta!)

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