Carniça
Sinto cheiro de carniça, meu compadre
Tem carancho no rodeio
O respeito e a justiça, meu compadre
Se extraviaram com os arreio
Não pude achar tua comadre, meu compadre
Campeei ontem o dia inteiro
Inté já estou desconfiado, meu compadre
Que os caranchos já comeram
Temo muito acadelado, meu compadre
E a imundice está invadindo
Vou carregar bem minha garrucha, viu compadre
Comprar espoleta de ouvido
Porque o mundo é uma alavanca, meu compadre
Que quando pega a entortar
É triste, mas é verdade, viu compadre
Só fogo pra endireitar
O poder é perigoso, meu compadre
Se provalecem da fraqueza
É igual arame de farpa, meu compadre
Corta grande e faz bicheira
Mas também se não tem cerca, meu compadre
Me acredite quem quiser
A malicia anda a cavalo, viu compadre
E o respeito anda de a pé
Vou deixar o mouro encilhado, meu compadre
Nem a chincha eu vou frouxar
E o que é carancho envenenado, meu compadre
O que eu achar vou degolar
Porque a cabeça e o bucho, meu compadre
É o que divide o corpo humano
E o gaúcho se conhece, viu compadre
É quando o índio tem tutano