Retrato de Agosto
O quarto de costaneira
Forrado com picumã
É onde tomo meu mate
Antes que chegue a manhã
Junto a uma pilha de sal
Ficam os avios e a cambona
Comigo também mateia
Uma saudade gaviona
Comigo também mateia
Uma saudade gaviona
Um freio erguido num gancho
Com baba de redomão
E um guasca órfão dos pagos
Me entrega a cuia na mão
Um perro de pelo osco
Como o teatino que é
Ao ver a geada lá fora
Vem se aquentar nos meus pés
(Tora de angico queimando
Até pode ser pecado
Mas me cutuca a tarimba
Neste inverno enregelado)
É madrugada campeira
E a um taura enche de orgulho
Coxilha vestiu de noiva
Que agosto é pior do que julho
Sagrado galpão do fogo
Que me guarda do minuano
E um poncho carnal vermelho
Presente de um castelhano
(Tora de angico queimando
Até pode ser pecado
Mas me cutuca a tarimba
Neste inverno enregelado)