Mineirices

Tenho mil histórias pra contar ao povo
E se me dão chance, eu chamo um violeiro
Do meu jeito antigo ou do meu jeito novo
Ponho perto dele mais um sanfoneiro
Sou do sul de Minas
Onde eu aprendi
No chorar da viola
Eu não esqueci

Que caboclo bom, se tem uma mensagem
Pensa no que diz, pra não dizer bobagem
Violeiro bom, também, não exagera
Sanfoneiro bom, não toca por tocar
Tem uma prosa dentro da viola!
Tem uma prosa dentro da sanfona!

E o cantador
E o cantador
Se é cantor
Quando abre a boca é pra chamar o povo
Retocar o antigo e melhorar o novo
Cantar a vida, a dor, o amor e o bem
Quem tem sanfona, viola e violão
Tem mais poder do que pensa que tem
Não sei de uma família em Minas
Que não tenha alguém
Que se mudou de lá
Por isso é que o mineiro gosta
De falar de trem, aonde quer que vá
Saudade é uma palavra triste
Que passou por Minas e por lá ficou
Saudade todo mundo tem
Mas em Minas Gerais ela dói muito mais!

Ai que saudade do pé de moleque
Da paçoca doce, do café com broa
Da marmelada, queijo e goiabada
E da compadraiada proseando à toa
Rolo de fumo, cigarro de páia
Casinha no morro, fé que nunca faia
Mineiro escuita e fala muito pouco
Mas quando ele fala vê se num atrapaia
Ai, quês menina que Minas tem!
Que zóio preto que faz tanto bem!
Quem não conhece
O que é que Minas tem
Não vai sabe o porque
Das inerência da palavra trem

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